segunda-feira, 6 de maio de 2013

AS ORIGENS SECRETAS DO UNIVERSO Capítulo 09: A Dama de Vermelho


      Ao bater na porta da estalagem, o andarilho logo foi atendido. Mas não era bem o que esperava. Era um menino, de uns sete anos, com olhos azuis como o céu e cabelos castanhos claros “Boa noite rapaz” disse Hár, colocando o chapéu no peito “A sua mãe está em casa?” O garoto não conseguia para de olhar para Deus, como se soubesse que Ele era uma presença importante “MÃE!” disse ele, fritando para dentro da grande casa “Tem um mago aqui na porta! Eu posso pedir alguma coisa pra ele?” Deus se forçou para não rir da inocência da criança e se abaixou para perto dele “Depende” disse Ele, entrando na brincadeira “O que você quer ganhar?” “Um cavalo” disse o menino, todo animado “Nãnãnãnão... Um Ögruman! Não! Um bisão! Não... Um dragão! Isso! Eu quero um dragão branco!” “Dragão?” disse Deus “E branco ainda por cima? Não acho que posso conjurar um grande o bastante para alguém que me parece tão corajoso... Sempre pronto para salvar a sua donzela amada...” “Nada de donzelas amadas!” disse o jovem, apertando os olhos e mostrando a língua “As meninas são nojentas! BLARGH!” “Tem certeza disso?” disse uma voz doce e gentil. Quando Hár se levantou do chão, se deparou com a mulher mais estonteante que Ele já vira. Quase tanto quanto a própria Kelda.  Era a mesma mulher que Ele vira se despedindo da caçadora ruiva, com cabelos curtos e olhos brilhantes, além de usar um belíssimo vestido vermelho sangue, que acentuava ainda mais as belas curvas seu corpo “O que eu posso fazer pelo senhor?” ela disse, enquanto Deusa se recuperava de tal visão “Permita que eu me apresente” disse Ele “Eu sou Har, O Altíssimo... Sou amigo de Kelda, e ela disse que a tia dela tinha um quarto vago...” A mulher apenas assentiu e deu passagem para o andarilho “Por favor” disse ela, com um leve sorriso “Entre. A propósito, eu sou Frigga, e este é o meu filho, Balder.” O menino fechava a porta enquanto subia uma grande escada de madeira “A senhora vai me contar uma história esta noite?” perguntou o Balder “Eu já estou indo” disse ela “Vá se aprontar e esteja na cama quando eu voltar...” Balder foi correndo para o quarto, deixando os dois sozinhos na grande sala de entrada, com uma lareira onde queimava um pouco de lenha “Cama?” perguntou o andarilho “Não é meio cedo para ir para cama?” Frigga deu um leve suspiro triste e olhou para o fogo “Ele pode parecer normal e feliz...” disse ela “Mas vários xamãs viram um enfermo misterioso nele já há cinco anos, pouco antes do pai morrer...” “Eu sinto muito” disse Hár “Eu queria poder fazer alguma coisa...” “Pelo que eles disseram” disse a viúva, já com lágrimas nos olhos “Não há nada que ninguém possa fazer por ele... Só esperar que a morte venha até ele e o mande para Helheim...” Frigga se desabou a chorar na poltrona em que sentara. Hár se abaixou e ficou próximo da poltrona, abraçando a dama de vermelho “Tudo vai ficar bem” disse Ele, limpando as lágrimas dela e apontando a mão aberta apara a lareira “Eu vejo no fogo... A alma de seu filho... Sim, o jovem Balder irá para Helheim, pois ele morreu de doença... Mas a dama que lá habita... aquela que é justa... que pune os que trazem caos e cuida dos que inocentes... Ela cuidará da alma de seu filho... Pois as Nornas reservaram um grande destino para ele... Algo que fará você, seus ancestrais e descendentes se orgulharem...” “É isso o que você vê?” ela perguntou, olhando para o fogo alaranjado “Você é um xamã?” “Pode-se dizer que sim” disse Hár “Só uma pergunta... A senhora já comeu?” “Não” disse ela “Eu dei a janta para Balder e acabei me esquecendo...” “Pois então suba até seu filho” disse Ele “Ele clama por uma história... Eu cuidarei do jantar...” Frigga apenas deu um leve sorriso e subiu correndo as escadas. Deus sentou-se confuso na poltrona onde antes ela estava. Tudo girava na cabeça dele. Por um lado, Kelda era bela e jovem, mas Frigga parecia ser uma mulher incrível, não só por ter uma beleza fora dos padrões, mas por que ela era mais velha, era uma mulher madura e experiente, enquanto Kelda ainda era jovem, mesmo sendo muito inteligente e astuta. Ouvindo que Frigga estava no fim de sua história para o filho, Hár se apressou. Sobre a mesa de madeira comprida, Ele fez aparecerem velas com chamas brilhantes, copos cheios com o delicioso hidromel, um javali médio, assado até o ponto de seu couro estalar de crocância e a carne soltar dos ossos de tão tenra e macia e um prato cheio de frutas sazonais cobertas com mel. A moça logo descera a escada e vira a refeição deliciosa na mesa “Nossa” disse ela “Eu não esperava tudo isso... E nem tão rápido...” “Isso não importa” disse Hár, puxando a cadeira para ela “Sente-se... Você parece faminta...” Os dois logo se sentaram e começaram a devorar o javali, como se não comessem há dias. O hidromel em seus copos parecia não ter fim e as frutas eram com certeza as mais doces e deliciosas que ela já havia comido. Um tempo se passou e a lua já brilhava alto no céu, enquanto Frigga e Hár deitavam no sofá coberto de peles, por pouco que não estavam bêbados de tanto hidromel que tomaram “Você é um homem notável, Hár” disse ela “Eu nunca pensei que um homem tão grande pudesse fazer algo tão bom...” “Obrigado” disse Ele, virando o rosto para olhar a tia de Kelda nos olhos “Mas se há alguém notável aqui é você... Eu jamais vi tamanha beleza em toda a minha vida, como se tivesse sido esculpida pela própria Freyja pensando em criar uma gêmea para ela... Sua voz parece o canto dos mais belos pássaros... E seu gênio é típico de uma mulher forte e independente, que não mede esforços para proteger aqueles que ama...” Frigga corava um pouco, olhando o andarilho no fundo dos alhos azuis “Não precisa de um homem para mostrar quem você é” disse Hár “Não precisa de ninguém...” Ela apenas o puxou pela barba para junto de seu rosto corado e suado “Eu preciso” disse ela, ofegante “De você... É você que eu quero...” Frigga tremia ao juntar seu rosto com o do Criador, envolvendo os lábios dele com os dela numa apaixonada dança de línguas. Era quase certo que Deus tinha escolhido sua amada naquele momento, em frente à lareira fraca naquela noite de verão nórdica...
      O dia amanhecia com o sol forte e brilhante. Os ventos sopravam nas ruas da aldeia um pouco mais fracos do que na noite anterior. Hár acordara deitado no sofá, com Frigga abraçada a ele embaixo de seu grande manto. Com todo o cuidado do mundo, Ele subiu até o quarto, para ver se Balder ainda dormia. Voltando para o saguão, pegou a dama em seus braços e levou para o quarto, onde a cobriu na cama e lhe deu um beijo nos lábios “Obrigado, minha querida” disse Ele “Nunca esquecerei esta noite...” Ao sair pela porta da frente, encontrou um homem forte,  de olhos azuis, cabelos castanhos com as entradas da careca aparentes e uma barbicha desgrenhada,que usava roupas meio que surradas “Saudações” disse o homem “Espero que a dama Frigga tenha sido bem hospitaleira...” “De fato” disse Hár “Ela é encantadora... Seu povo sabe como receber um convidado...” “Hospitalidade é uma das virtudes dadas a nós pelos ancestrais e os deuses” respondeu o homem calvo “Seria um crime se não o fizéssemos...” “Sim...” concordou Deus. Do nada, um estrondo foi ouvido no horizonte, seguido de um forte rugido que fez todas as construções tremerem. Os dois logo viram Magnus e Kelda, armados com elmos com chifres, escudos, manguais e espadas “Hár! Tröktar!” disse Magnus “O que estão fazendo aí parados? Venham!” Os dois correram atrás do chefe guerreiro e sua filha á toda velocidade, até que chegaram ao sopé da colina, que dava para uma grande planície “Pelas barbas de Týr!” disse Trötkar “É imenso...” A fera dona do rugido era realmente grande: um dragão oriental, de corpo longo e musculoso, coberto de escamas vermelhas escuras cobertas de marcas negras, como se fossem tatuagens, e uma fileira de placas marrons pontiagudas que ia do pescoço ao fim da cauda, com uma grande juba negra atrás de sua cabeça comprida, quase do tamanho da casa que havia no topo da colina, de onde brotavam aterradores chifres marrons curvados para trás e grande olhos alaranjados embebidos em fogo. A fera andava pela relva, matando qualquer criatura apenas com o peso de seus passos. Ela olhava fixamente para os homens ali presentes, mas se mantia mais atento a Hár, como se já o conhecesse “Não” pensou o andarilho “Não pode ser...” O dragão gigante deu um leve sorriso sem mostrar os dentes, demonstrando sua satisfação. Quem seria ele? E qual seria o tamanho de sua ameaça?

quarta-feira, 24 de abril de 2013

AS ORIGENS SECRETAS DO UNIVERSO Capítulo 08: A Forja


      Logo, Kelda e "Hár" davam a volta em um pequeno morro, chegando à aldeia de Barkhän, onde construções nórdicas típicas se levantavam ao lado de ruas de terra batida. Hár logo notara que todas as casas, desde a taberna até as cabanas de famílias, tinham cabeças de auroques, grandes touros selvagens nativos da Europa, talhadas na madeira das vigas que saíam da frente dos telhados. No cais próximo a costa rochosa, um grande drakkar de vela azul e dourada estava ancorado, enquanto a tripulação entrava nele “Vamos garotas!” dizia um homem, provavelmente o capitão “É uma longa viagem e muitas coisas para ver!” Hár logo viu três moças carregando pesados baús, sem dificuldade alguma, até a embarcação. Uma das mulheres, que aparentava ter uns quarenta anos, com longos cabelos ruivos e olhos azul ciano, correu até outra, um pouco mais velha, com cabelos castanhos claros curtos e olhos verdes, e lhe deu um caloroso abraço “Nos veremos na volta” disse a mulher ruiva “Se cuide, irmã...” A mulher de cabelos curtos abraçou a irmã ainda mais forte, com algumas lágrimas no rosto “Eu só queria que ele vivesse para ver vocês voltarem” sussurrou ela “Ele é tão pequeno... Não merece morrer assim...” “Se as fiandeiras têm compaixão” disse a ruiva “Balder vai viver por mais tempo... Assim nós esperamos...” “Vamos mãe!” disse uma jovem muito bela, de cabelos loiros e olhos violeta “O mundo nos espera...” A mulher ruiva deu um beijo na testa da irmã e correu de volta ao drakkar, enquanto seu marido levantava a âncora com a ajuda de outro homem, com um grande bigode loiro “Está no comando da pesca até eu voltar” disse o capitão “Sei que seguirá tudo o que aprendeu...” “Pode confiar em mim, mestre” disse o homem, colocando a âncora dentro do barco “Não o decepcionarei...” Com a vela içada e os ventos favoráveis, a família logo zarpou no mar, pronta para conhecer o mundo e suas belezas “Meu tio e a família” disse Kelda, levando Hár por entre as casas de madeira e palha “Um grande navegador e pescador...  Mas acho que não o veremos por algum tempo...” Os dois continuavam a andar pela aldeia, chamando a atenção de alguns curiosos, já que o andarilho era um forasteiro. Mas o casal nem parecia ligar. Seu olhar estava fixo em Kelda e seus lindos cabelos que tremulavam enquanto ela andava. Era certamente uma das mais belas visões que o Criador já vira em sua vida. E notem que, pela idade, Ele deveria ter visto mais coisa do que qualquer pessoa que se diz vivida...
      “Ali está” disse ela, apontando para uma cabana que não era exatamente a mais vistosa “Meu pai deve estar me esperando... Venha...” Dentro da cabana, Hár avistou centenas de armas, escudos, jóias e anéis pendurados nas paredes de madeira, além de um grande forno onde queimava um caldeirão borbulhante, que cheirava a ervas e carne de rena. Tanto os objetos nas paredes quanto uma segunda fornalha com brasas vermelhas e uma grande bigorna com um martelo em cima denunciava o ofício do pai de Kelda “Pai!” disse a moça “Eu trouxe visita...” De trás de uma porta de madeira, saiu o homem de grande bigode e cabelos castanhos claros que ele vira na noite anterior “Sem querer ser rude minha filha” disse ele, num tom triste “Mas hoje eu não quero ver ninguém...” “Chefe guerreiro” disse Hár “Eu não quero incomodá-lo... Sua filha me disse que precisava de ajuda... Se me permitir usar sua ferraria, depois de terminar eu posso passar a noite em outro lugar...” O ferreiro de um suspiro cansado e logo foi em direção a um grande baú, onde remexeu vários pedaços e metal “Aliás, andarilho” disse ele “Pode me tratar como Magnus... E filha, poderia trazer uma caneca de hidromel ao nosso convidado?” Kelda logo se apressou até perto de um dos barris, onde encheu três canecas de madeira com um liquido dourado e grosso, com um cheiro delicioso. Enquanto ela a oferecia a Hár, Magnus tirou um grande pedaço de metal fosco, de cor prateada, que parecia ter sido esmagado pelos pés de um gigante como se fosse um inseto “Achei bruto numa caverna perto daqui” disse Magnus, o colocando sobre a bigorna “É bem leve, mas por incrível que pareça, nem eu nem meu aprendiz conseguimos sequer entortá-lo mesmo quando quente...” Hár pegou o metal e o segurou contra o peito, como se fosse uma espada apontada para baixo “Leve de fato” disse ele “Mas acho que não serviria para espada... Machado talvez...” “Vejam o que farão” disse o ferreiro, vestindo uma capa avermelhada com capuz “Aonde o senhor vai?” perguntou Kelda “O vento está ficando forte...” “E é por isso que vou até a taberna” disse o chefe guerreiro “Orkhon quer me mostrar o novo vinho que veio dos Sølvfolken... E tenho assuntos importantes a tratar com Vrthaf sobre a pesca... Acho que não verei vocês até amanhã...” “Ficaremos bem” disse o andarilho “Obrigado pela sua hospitalidade...” “Não foi nada!” disse ele “Um homem do norte tem de ser hospitaleiro e tratar bem seus convidados... Até amanhã!” O chefe guerreiro saiu pela porta da frente, deixando um pouco das folhas que se renovavam nas árvores entrar “Alguma ideia do que faremos com isso?” perguntou Har, se dirigindo para a bigorna “Uma arma talvez...” afirmou Kelda “Algo especial... Um machado de guerra...” “Gosto do seu jeito de pensar, minha cara Kelda” disse Deus, fazendo a moça corar um pouco. Vestindo grossas luvas de couro de dragão roxo e aventais, os dois logo começaram a forja. Aquecendo-o sobre as brasas quentes, o metal se tornou incandescente e vermelho. Apesar de usar toda a sua força, Kelda não conseguia sequer retirar uma faísca do metal com o martelo. Quando o passou para Hár, no entanto, algo ocorreu. Ela via no fundo dos olhos dele a determinação. Quando ele levantou o martelo no ar, um raio caiu ao longe, seguido de um poderoso trovão. Ao olhar para o metal, Kelda viu que ele finalmente estava reto “Conseguiu?” ela perguntou “Eu não acredito... Você conseguiu!” Ela logo rodopiou no pescoço de Deus com um abraço “Acalme-se” disse Ele “Isso era só para testá-lo... Ainda temos que derreter e moldar...” A tarde foi passando enquanto os dois conseguiam finalmente transformar aquela coisa em algo realmente funcional. Perto do crepúsculo, os dois finalmente tinham terminado. Era um grande machado de guerra de duas faces, com um longo cabo revestido em aço “Por que não testa o corte?” disse Kelda, suada e suja de fuligem, assim como Hár. Deus logo puxou uma das toras usadas como lenha. A lâmina desceu com tanta precisão e força, que a madeira se partiu no meio sem nenhuma ranhura ou defeito. Ambas as metades estavam completamente lisas “Leve” disse Deus, observando o metal brilhante com atenção “Corte perfeito... Empunhadura firme... Você é realmente uma artista...” “Não teria conseguido sem você” disse ela “Obrigada...  mesmo...” Deus apenas deu um leve sorriso “Se me permite” disse Ele “Vou procurar um canto para mim... Boa noite...” “Se quiser” ela disse “Minha tia é dona de uma estalagem aqui perto... A casa maior com o caminho de pedras... Basta dizer que me conhece ou ao meu pai. Garanto que será bem recebido...” Ele apenas deu um leve aceno de cabeça e saiu pela porta. O vento estava um pouco mais forte e as estrelas cobriam o céu quase que por completo. Har, segurando seu chapéu, logo avistou a estalagem. Ele andou pelo caminho de seixos cinzentos até a grande porta de madeira de lei. Antes de bater, Ele deu uma olhada para trás, para a ferraria onde Kelda estava. Será que ela o amava como Ele fazia? Essa era uma dúvida cruel que meio que o consumia por dentro...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

AS ORIGENS SECRETAS DO UNIVERSO Capítulo 07: Kelda

     Centenas de milhões de anos haviam se passado desde o desentendimento entre Deus e Lúcifer, mandado para as profundezas do planeta que o Diabo tentou destruir. Enquanto isso, a Terra fervilhava com vida, que Deus observava com orgulho, raramente descendo para intervir no fluxo que suas criações seguiam. Isso, porém, não impediu que seres inteligentes de fora viessem para “mexer” na vida terráquea. Mesmo durante o desenvolvimento da vida primitiva e nos tempos do maior império que a Terra já viu, muitas bases foram construídas, algumas nunca localizadas nem pelo próprio Criador da Vida. Há certa altura do desenvolvimento da vida surgiram, evoluídos de primatas que andavam ereto, os Humanos. Quando Deus os viu pela primeira vez, sentiu-se realizado, seguindo as palavras de Bellator, pois essas criaturas aparentemente frágeis eram muito semelhantes a Ele, capazes de sentir a compaixão, a coragem e a esperança, mas também observou o ódio, o medo e a ganância, males que assolam qualquer população desde que os homens são homens. Isso só mostrava ao Criador que qualquer criatura, seja uma simples bactéria, um protozoário errante ou mesmo homens e marcianos, eram falhos, suscetíveis ao erro, algo que nem Ele mesmo podia escapar.
      Houve algumas vezes em que o Criador ao mundo dos mortais para andar entre suas criações e, quando o fazia,usava disfarces discretos, ou mesmo aparentemente imperceptíveis aos humanos, que já se achavam os donos do mundo que mal conheciam por inteiro. Os motivos pelos quais Deus descia a Terra poderiam ser vários: Por que Ele vira que um povo precisava de proteção, ou de alguém que fizesse a diferença. Mas chegou um dia, em que uma voz conhecida ecoou em sua cabeça “Ele voltará Irmão... É bom se preparar para a batalha que há de enfrentar...” Essas mesmas palavras ecoaram por dias na cabeça de Deus, até que Ele finalmente decidiu segui-las. Em meio aos Céus, onde fizera sua morada na Terra, fez surgir um grande portal dourado “Por que desejas descer desta vez, ó Senhor?” disse a voz do porteiro, Pedro, um homem de barba e cabelos castanho acinzentados, vestido com uma túnica e usando um elmo com uma cruz gravada em sua fronte de metal brilhante “Ó poderoso porteiro” disse o Criador “Recebo mensagens em minha mente que pedem para serem atendidas com urgência... Tu permitirias minha descida a Terra mais uma vez?” “De sua última ida ao mundo dos Mortais” disse Pedro, preparando a grande chave dourada em seu pescoço “Trouxeste um salvador para o meu povo... E quem seria eu para impedir a Ti de descer ao mundo que criaste com as próprias mãos? Vá... Atenda ao pedido...” Deus se ajoelhou diante do porteiro, que abriu o grande portão dourado. Transformando-se numa águia branca, o Criador descia para a Terra. Atrás Dele, os portões dos Céus se fechavam, deixando o Paraíso mais uma vez incógnito na atmosfera, sem que ninguém pudesse vê-lo.  A grande águia voava pelo céu azul, sentindo os ventos em suas penas alvas como a neve. A voz que ecoava em sua cabeça parecia o estar guiando para seu destino, onde haveria de enfrentar alguém. Ele voava de olhos fechados, esperando que quem lhe dera a mensagem pudesse guiá-lo só com a voz.
      A confiança do Criador logo o levou ao destino. Abrindo seus olhos azuis, Ele se viu pousado no topo de uma casa enorme, com teto de vigas de madeira e palha reforçada. Indo um pouco mais para frente, Ele viu onde realmente estava. Era uma grande aldeia nórdica, onde os homens enormes com barbas respeitosas e as mais belas mulheres que o Criador já havia visto desmontavam o que parecia ter sido um festival da colheita. Deus observava os homens e mulheres fazendo suas tarefas, mas havia uma em especial por quem Ele parecia ter se interessado: Uma linda dama alta, de longos cabelos negros e com olhos verdes como as florestas. Ele apenas ouviu uma conversa que ela estava ater com um homem de bigode a cabelos castanhos claros “Não se preocupe, meu pai” dizia ela, num tom reconfortante “Ele só está irritado... Tenho certeza que vai passar logo...”, mas o tom de voz do homem era como se tivesse acabado de perder um filho “Eu não sei filha... Ele parecia brabo de verdade... Acho melhor deixá-lo em paz por um tempo...” O homem apenas entrou na casa onde Deus estava pousado, bem como a linda moça “Poderoso Odin” disse ela, chamando a atenção da ave branca “Se ouves a minha prece, por favor, mande um sinal... Meu pai precisa de ajuda...” Deus ficara surpreso. Odin era um de seus muitos nomes, pelo qual os povos nórdicos o chamavam, e um dos que Ele mais sentia afinidade. O grande pássaro apenas se virou em cima do telhado e se pôs a dormir. Ele já sabia o que faria quando o sol raiasse no leste...
       Um novo dia nascia, com o vento soprando um pouco mais forte, trazendo várias folhas do bosque próximo para as ruas de terra batida da aldeia. Como era de se esperar, a grande águia de penas brancas ainda estava no telhado, quando ouviu alguém sair pela porta da frente. Era a dama da noite anterior, carregando um arco longo e uma aljava com flechas, se dirigindo para o sul do morro nos limites da aldeia. A grande ave alçou vôo e a seguiu, chegando num bosque à beira de uma planície coberta de relva antes dela. Ele logo tomou outra forma. Um homem de barba e cabelos grisalhos e desgrenhados, que usava um chapéu de abas largas e um manto escuro, se apoiando num cajado “Muito bem, Deus” disse o Criador para si mesmo “Tente não chamar a atenção...” Do nada uma grande flecha zuniu na frente dele quase que acertando seu nariz “Quem vem lá?” disse uma voz feminina “Responda ou não terei receio em acertar o alvo...” “Por favor, minha jovem!” disse Deus, levantando os braços em sinal de rendição “Não quero fazer mal a ninguém... Sou apenas um humilde andarilho... Tenha piedade...” Deus logo sentiu alguém tocar seu ombro e o virar para o outro lado com uma força comparável a Dele próprio “Qual seria seu nome, ó andarilho?” disse a moça, a mesma que Ele vira na noite anterior consolando o pai “Sou Hár, O Altíssimo” disse Ele “Como poupou minha vida, é justo que Eu lhe dê algo em troca...” Ele esperava resposta, mas a moça ficou hipnotizada pelos brilhantes olhos azuis do andarilho, assim como Ele ficara  pelos dela, que brilhavam como esmeraldas recém-lapidadas. Os dois ficaram se olhando por algum tempo, até que Hár quebrou o silêncio “Há algo que Eu possa fazer por ti, dama arqueira?” “Kelda” disse ela “Eu me chamo Kelda Corvo da Noite...” “Um belo nome para uma bela mulher...” Ele respondeu, fazendo-a corar “Então, Kelda... Possui uma tarefa para me oferecer?” A moça se afastou um pouco e olhou Deus de cima a baixo “Você parece ter bastante força nos braços” disse ela “Já teve alguma experiência com ferraria?” “Um pouco” disse Ele “Por quê? ” “Venha comigo” disse ela “Quero que veja uma coisa...” Ela segurou o mão enorme de Deus e o arrastou para fora da floresta e pela planície verdejante. A paisagem era, de longe, uma das mais belas que o Criador já havia visto fora do plano imortal de existência. A grama verde, os insetos zunindo, o canto de aves de todos os tamanhos, o céu azul e o sol brilhando entre as nuvens brancas, o som do mar batendo nas rochas da costa próxima. Tudo era belo. Mas nada era tão bonito quanto a visão da moça que o arrastava para a aldeia. Ele logo sentiu um suor percorrer sua testa, uma tremedeira tomar suas pernas e seu coração bater mais rápido e com mais força. Ele havia se apaixonado. E pela primeira vez em muitos anos. Mas seria esse sentimento recíproco?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

AS ORIGENS SECRETAS DO UNIVERSO Capítulo 06: A Criação


    Ainda fundido a matéria escura que formava o Universo, Irmin soltou seus Irmãos e levantou seus dedos nodosos. Das palmas de suas mãos enormes grandes feixes de energia brilhante foram lançados no espaço, ainda muito quente. Parte dessa energia se juntara a grandes nuvens de poeira e gás já existentes, alterando sua estrutura molecular. Essas nuvens haviam de se tornar as nebulosas, os berçários dos astros com luz própria, as estrelas (nome que veio do Titanis stranm - luminoso) formadas de gás e plasma super aquecidos, assim como as esferas no interior do Lar dos Ancestrais. Irmin fizera inúmeras nebulosas, mas com o tempo tanto elas quanto as estrelas se formariam sozinhas.
      Enquanto o primogênito se preocupava com os astros brilhantes, Lúcifer e Deus juntavam gases com outros elementos, como as rochas errantes resultantes da explosão do Big Bang. Eles as moldavam em grandes corpos celestes, que Lou nomearia como planetas (Outra palavra do antigo Titanis pran’tu - criadouro), onde colocariam suas criações. Alguns planetas eram corpos rochosos grandes, cobertos de pedra e fogo, que se chocavam caoticamente uns contra os outros e levantavam brumas de fumaça venenosa. Outros eram imponentes gigantes gasosos, com grandes núcleos de gelo e metais derretidos de onde emanavam poderosos e gélidos ventos e tempestades elétricas que cobriam toda a atmosfera. Das colisões entre os planetas flamejantes, grandes pedaços de rocha voavam pelo vácuo. Passados 10 bilhões de anos, com a matéria escura já pontilhada de estrelas brilhantes, que nasciam e morriam a todo o momento, causando desde gigantescas explosões conhecidas como supernovas, para depois de expandir mais e criar massivos buracos negros, que sugavam tudo o que entrasse em sua órbita. Tudo estava espalhado pela matéria escura, como se fosse uma grande sopa cheia de ingredientes. Lúcifer e Deus, então começaram a juntar nebulosas e estrelas tanto jovens quanto velhas em grandes massas espirais, elípticas, parecidas com grandes nuvens disformes ou como se fossem grandes bumerangues. Os planetas começavam a ser atraídos pela gravidade exercida pelas estrelas, trazendo suas órbitas para junto delas, mesmo que ainda caóticas. Essas grandes massas brilhantes em meio ao vácuo foram nomeadas por Lúcifer como galáxias (Mais uma vez, veio do Titanis glaxyí – junto; próximo). Muitos dos planetas rochosos continuavam a colidir deixando soltas no vácuo grandes rochas, que acabaram por se unir em grandes cinturões ou nuvens ao redor de algumas estrelas. Irmin nomeou as grandes rochas como asteróides (Do Titanis astor - pedra). Algumas dessas rochas, menores e formadas de também de gelo, passavam perto de estrelas e adquiriam grandes caudas de vapor, que os deixavam muito belos. Deus nomeou-os como cometas (Do Titanis canmur - errante).
     Apesar das inúmeras criações espalhadas pela matéria negra, os Três Irmãos não se viam satisfeitos. Pareciam artistas excitados com qualquer tela em branco que lhes aparecesse. Irmin, adentrando uma grande galáxia espiral, fez questão de moldar uma última estrela com suas próprias mãos. Mais uma vez fundido a escuridão, o Primogênito puxava hidrogênio e hélio, junto de poeira cósmica, asteróides e outros gases. Uma pálida luz amarela começou a ser vista entre a grande espiral de matéria, mas que parecia minúscula comparada à galáxia em que se encontrava. A grande nuvem começou a se desfazer, revelando uma grande estrela amarela e laranja, rodeada por inúmeros asteróides “Irmãos” disse Ele “Esta talvez seja minha última estrela... O que haverá ao redor dela e seu nome Eu deixo sob cuidado de Vocês... Veremo-nos novamente... Eu prometo...” Os olhos brilhantes e as mãos ossudas de Irmin, logo sumiam no vácuo. Lou e Deus ficaram por muito tempo olhando para a pequena estrela amarela, como se ela fosse uma grande jóia “Sunna...” disse Lúcifer calmamente, chamando a atenção de Deus “A aconchegante... Aquela que dá calor e proteção... É um bom nome não acha?” Deus apenas assentiu e deu um leve tapinha no ombro do Irmão mais novo “Venha” disse Ele, se aproximando da estrela “Vamos trabalhar...” Lou soltara um leve sorriso, concordando com a ideia de Deus e adentrando a nuvem de asteróides.
      Assim com já fizera antes, Deus começou a unir pedaços de rocha em planetas, fazendo dezenas deles, que começavam a se chocar. Isso já dera conta de uma boa parte dos asteróides, que se uniam num cinturão em volta dos planetas rochosos. Na órbita exterior, Lúcifer soprava grandes quantidades de gás, metal e gelo, como se estivesse moldando vidro. A matéria começou a tomar forma, criando enormes gigantes gasosos, cobertos de nuvens de cores que iam do azul e branco ao laranja e vermelho, e atraiam inúmeras rochas suspensas no vácuo, formando grandes anéis ao redor deles. Fora dos planetas gasosos, Lou, motivado pela luz de Sunna, criara pequeninos planetas de gelo e rocha, chamados planetas anões, com órbitas extremamente elípticas e mergulhados num outro cinturão de asteróides  As outras rochas errantes foram sopradas por Lou e Deus para longe, formando uma grande massa ao redor dos planetas e de Sunna. Apesar de praticamente pronto, o novo sistema planetário ainda era caótico, sendo que os planetas rochosos sofriam inúmeras vezes com choques violentos entre si. Deus, então, voltou à órbita interior de Sunna, notando que apenas alguns das dezenas que havia criado sobraram para contar história. Dois deles eram bem próximos a estrela: um era pequeno, coberto de rocha alaranjada e ainda recebendo o impacto de pequenos asteróides  que enchiam sua superfície de crateras. O outro era um pouco maior, coberto de nuvens espessas de cor cinzenta, de onde Deus podia ouvir as chuvas caírem, bem como grandes vulcões entrando em erupção.  Perto do cinturão de asteróides, um dos planetas se mantia um pouco mais estável que os outros. Deus se aproximou dele, atravessando as finas nuvens que o cobriam. Ele viu uma terra vermelha, e além dela havia um oceano azul turquesa, que parecia cobrir a superfície do planeta quase que por completo. Encantado pela beleza das águas, Deus colocou sua mão na beira de uma praia, onde a maré batia em seus dedos, que emanavam uma luz pálida, que adentrava nas águas claras “A água” dizia Ele “Fonte de toda a Vida... Daqui eu vos crio, povo do planeta vermelho...” A luz dos dedos de Deus se unia a moléculas na água, criando minúsculas criaturas, praticamente invisíveis ao olho nu, mas que podiam ser vistos por seu Criador “Da água vieram” Ele continuou “E da água viverão... Crescei-vos e multiplicai-vos! Pois um dia, o império de seus descendentes será um dos mais prósperos já vistos...” As palavras do Criador ecoariam por gerações de habitantes do planeta vermelho, nomeado então como Marte (Do antigo Titanis Marccî - Guerreiro).
      Ao ver como seu Irmão podia criar vida, Lúcifer também decidiu tentar. Ele voou para além do sistema de Sunna, indo até um pequeno planetoide de atmosfera rala, mas rica em oxigênio. Ele colocou sua mão numa pequena poça, onde a luz pálida emanou de seus dedos. Porém, ao ver a água borbulhar, Lou aproximou sua cabeça da poça. Ele pode ver os minúsculos micro-organismos, semelhantes aos criados por Deus, se desfazendo na água agora escaldante “Estas mãos não podem criar...” sussurrou Ele, com uma lágrima brotando timidamente em seus olhos “Elas só destroem...” Ele então ficou ajoelhado, lamentando pela vida que matara, achando que não haveria mais esperança para aquele lugar, destinado a ser um mundo morto.
      Ainda em Sunna, Deus olhava para Marte com orgulho, enquanto os minúsculos micro-organismos começavam a se tornar mais complexos, formando criaturas visíveis ao olho nu. Porém, o Criador da Vida ouvia as palavras finais de Bellator ecoando em sua cabeça “Um dia... Criarão um mundo espelhado em vossas imagens...” Se vendo inspirado nisso, Deus foi um pouco além de Marte, mais perto da estrela regente. Começando a juntar rocha e fogo, Ele foi moldando o mundo novo: a Terra (Do Titanis Terlu – igual; espelho). Ao terminar, porém, ele não estava como o Criador esperava. Era um mundo estéril, coberto com uma atmosfera venenosa, assolada por chuva ácida e queda de meteoritos. Passado algum tempo, um grande planeta se intrometeu na órbita da Terra, começando a se incinerar num poderoso asteróide quanto mais se aproximava da superfície árida “Trema diante de Thea, o Destruidor!” urrou Lou, com o fogo embebendo seus olhos “Irmão” irrompeu Deus “Por que tu fizeste isso? O que há de errado contigo?” “SIM!” Lúcifer continuou “Há algo errado! Eu sou o Onipotente! Eu sou quem deveria ter o poder de criar a Vida, e não de destruí-la ao primeiro toque...” “O ódio está o consumindo, Irmão...” disse Deus, calmamente se aproximando de Lou “Deixe-me ajudá-lo...” “AFASTE-SE DE MIM!” irrompeu Ele novamente, disparando fogo das mãos contra Deus, se protegendo com um escudo de relâmpagos “SE EU NÃO POSSO DAR A VIDA A NADA, TU TAMBÉM NÃO PODERÁS!” Deus viu com olhos arregalados Thea atingindo a Terra e arrancando parte de sua crosta como se fosse uma casca de ferida, deixando o magma exposto no vácuo “Chores diante de tua criação, Deus” disse Lou, preparando o tridente nas mãos “Pois não haverá mais nenhuma vida nesse Universo...” Antes que Lou lhe desse o golpe final, Deus segurou o tridente, eletrocutando o Irmão como da primeira vez que lutaram, mas dessa vez com muito mais força “Se almejas tanto a Terra” disse Ele, com uma voz trovejante “Por que não se une a Ela?” Deus pegou o corpo semi-paralisado de Lúcifer e o lançou contra a Terra, fazendo-o mergulha na lava que começava a esfriar e formar a crosta nova “VOCÊ PAGARÁ POR ISSO!” urrou Ele “GUARDE MINHAS PALAVRAS!”
      Deus apenas olhava para a Terra, enquanto sua crosta voltava a crescer lentamente. A parte da superfície arrancada por Thea começou a se juntar em volta do planeta, formando uma grande esfera de rocha estéril, que de alguma forma estabilizou a órbita do planeta, cujos vulcões começavam a cobrir a atmosfera de nuvens, iniciando tempestades violentas na Terra. A grande rocha flutuante e cinzenta, que rodava ao redor da Terra foi nomeada Lua (Do Titanis luna - salvadora). Passados alguns bilhões de anos, a Terra viria a receber vida, assim como Marte, seu planeta vizinho, cujos habitantes já começavam a colonizar a superfície. Deus observara seu novo lar, aquecido e iluminado pela majestosa estrela Sunna (ou Sol, como seria chamado mais tarde). O Criador então se retirara para os céus da Terra, sua jóia da coroa, de onde observaria a evolução tomar seu curso.
      A História da Vida no Universo estava prestes a começar...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

AS ORIGENS SECRETAS DO UNIVERSO Capítulo 05: A Posse

    Apesar de a escuridão do Abismo Primordial ter sido quebrada, não havia um único ponto de luz forte o bastante para iluminar o nem mesmo o rosto dos Irmãos. As únicas luzes que se viam eram os olhos Deles – brancos em Irmin, azuis em Deus e alaranjados em Lúcifer. A visão aguçada do primogênito, porém, avistou uma grande nuvem, que se deferia das demais por sua coloração esmeralda. Por sua curiosidade natural, o primogênito flutuou até a grande massa brilhante, seguido de Seus Irmãos. Ao adentrar a nuvem, os Três se depararam com uma vasta infinidade de luzes das mais variadas colorações, que se revelaram como esferas de plasma rodando em eixos imaginários enquanto emanavam luz e calor. A nuvem brilhante era basicamente composta de poeira, que brilhava como se tivesse luz própria devido à enorme luz que oscilava em tons de verde em seu centro “Entre a poeira” disse Irmin “Eu ouço as vozes de nossos pais e dos Titãs... É como se nunca tivéssemos saído de Ginungagap...” “O que Eles dizem Irmão?” perguntou Lou. Irmin fechou seus olhos e esticou os dedos nodosos para a luz verde. Suas palavras começaram a ecoar pelo vácuo, ditas na língua ancestral Titanis “Este é o legado que vos deixamos crianças do Abismo... Demos nossas vidas para dar a Vocês um futuro... O Universo será vossa tela em branco... Onde pintarão vossas criações... O governem com prudência... Vós sois, e sempre serão, os mais poderosos seres existentes a favor da Justiça e da Honra...” Irmin abaixara suas mãos e abrira novamente seus olhos “Devemos acatar ao pedido dos ancestrais” disse Irmin “O Universo deverá pertencer aos Três Irmãos... Um reinado baseado nas Nove Virtudes...” “Tanto poder...” interrompeu Lúcifer “A capacidade que possuíam era imensa... E esconderam isso de Nós todo esse tempo... Quiseram nos ensinar só uma fração do que realmente somos capazes... E agora, eis nossa oportunidade...” Deus e Irmin içaram um pouco atônitos. Lou nunca fora de fazer discursos, muito menos de almejar poder ou algo do gênero “Eu digo” continuou Ele “Para decidirmos apenas um Ser Supremo para governar esta ‘tela em branco’... E deve aquele com o maior poder...” “Enlouqueceste Irmão?” disse Deus, encarando Lou nos olhos “Não foi para isto que nossos iguais nos criaram... É para sermos unidos... E seria uma desonra ás palavras de Vormund lutarmos entre Nós para decidir quem é o mais forte...” “Temes a derrota, Irmão?” provocou Lúcifer “Eles sempre gostaram mais de Ti e do Encapuzado do que de Mim... Mesmo minha doce mãe, que tentava me confortar com suas palavras gentis... TUDO ERA MENTIRA!” Deus serrou um punho e acertou o nariz de Lou “NÃO PENSAS ANTES DE FALAR ESTAS PALAVRAS VENENOSAS?” gritou Ele “Recebeste o amor de todos Eles, assim com Irmin e Eu... Mas se é um confronto que desejas... É um confronto que terás...” Diante dos Três Irmãos, surgiram três armas. Nas mãos de Lou, estava O Tridente Mortal, feito de puro bronze e com uma caveira incrustada no metal perto de seus afiados dentes. Para Deus, surgiu O Raio, uma massa de energia estática prateada, parecida com uma espada de lâmina torta. Nas mãos de Irmin, se formou A Lança Transcendente, feita de metal dourado com a ponta parecendo uma lâmina de espada, que brilhava com a armadura do próprio Vormund. A batalha entre os Três Irmãos de iniciava. E não seria bonita de se presenciar...
      Em um estalar de dedos, Irmin pôs Ele próprio e Seus Irmãos da grande nebulosa esmeralda “Não permitirei confronto no Lar dos Ancestrais!” disse Ele, apontando a lança para Lou. O caçula apenas riu e soltou uma rajada flamejante de suas ventas acertando Irmin bem no peito. O primogênito tentara se levantar, mas foi impedido por Deus “Deixe que Eu cuido de Lúcifer” sussurrou Ele “És um grande sábio, Irmin... Mas não um guerreiro...” Um soco de misericórdia fora desferido por Deus no rosto de Irmin, para que Ele desacordasse. Outra rajada de fogo de Lou atingiu Deus, o fazendo dar um leve gemido de dor. Antes que Lou desferisse outro golpe, os poderosos punhos de Deus o acertaram o derrubaram “Não preciso de armas para lutar com um covarde” urrou Ele, dando inúmeros socos no Rosato e peito de Lúcifer. Antes que desse outro, Lou segurou suas mãos e o virou, pondo seu afiado casco sobre o peito do Irmão “Eu sempre fui mais rápido que você, Irmão” zombou Lou, encostando o tridente no rosto de Deus “Haverá uma homenagem a Você em meu reino... UMA COVA COM SEU NOME!” Antes que Lou desferisse o golpe final, as mãos de Deus se embeberam em relâmpagos e seus olhos brilharam azuis. Ao encostar no tridente de metal, a eletricidade percorreu o corpo de Lou, sendo forte a ponto de deixá-lo paralisado. Aproveitando o momento Deus o jogou para o lado e se levantou “Hora de acabar com isso...” disse Ele, levantando os braços cobertos de relâmpagos azuis e prateados. Antes que o golpe final fosse dado, Ele sentiu algo o levantar, assim como Lúcifer. Ao olharem para o lado, viram duas mãos gigantescas, com dedos nodosos e pele moura. Do nada, foram cegados por um clarão branco. Ao abrirem os olhos, puderam ver quem os segurava. Era Irmin, com o manto negro fundido a escuridão do vácuo, mostrando só seus olhos brilhantes como supernovas e suas mãos, que suspendiam os irmãos no nada “Tens razão, Lúcifer” disse Ele, com uma voz que ecoava pelo Universo “O poder deixado por nossos antepassados é de fato imenso... Mas nem por isso algum de nós tentou usá-lo para destruir um ao outro... Não nos tornemos os novos tiranos que governarão este lugar... E sim, os sábios que guiarão suas criações...” “Tu eres o grande sábio dos sábios, Irmão!” disse Deus, fazendo uma reverência enquanto suspenso e sendo completado por Lou “Por ora, Moldaremos o Universo juntos, como a família que somos... A posse de tal lugar vasto e magnífico deverá ficar contigo, ó Irmin... Tu possuis a Sabedoria Suprema... E este deve ser o maior dom que existe...” O primogênito deu uma leve risada “Suprema, meu caro?” disse Ele “Ninguém além do próprio Eterno possuía tal dom... A Onisciência talvez Eu adquira... Mas superioridade, nenhum de Nós poderá possuir...” “Deus foi mais rápido do que Eu durante o confronto” disse Lúcifer “É como se estivesse em todo lugar a todo momento... O Onipresente...” “E Tu foste bem difícil de se derrubar, caro Lou...” completou Deus “Suas habilidades são de fato surpreendentes... Somente Tu mesmo poderia Lhe deter... O Onipotente...” Daquele momento em diante, o Universo seria moldado e expandido pelos Três Filhos de Karuna e Konton: Irmin, o Onisciente; Deus, o Onipresente; e Lúcifer, O Onipotente.
      O Universo estava pronto para ser moldado, e seu regente, Irmin, seria quem faria o movimento inicial...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

AS ORIGENS SECRETAS DO UNIVERSO Capítulo 04: O Big Bang

      Com o passar dos éons, os filhos de Karuna e Konton foram crescendo entre as paredes brilhantes dos Halls da Justiça. A Sabedoria dos Titãs era passada a Irmin, Deus e Lúcifer por seu tio, Bellator, o mais sábio deles “Toda defesa começa com um bom ataque” Ele dizia sempre “Em batalhas, porém, há apenas perdedores, pois os vencedores a evitam a todo custo... Aqueles que têm sede de guerrear sem motivo são aqueles que caem... O sábio verdadeiro é o tem sede de aprender mais, nunca se convencendo que sabe de tudo...” Irmin, o mais velho dos Três Irmãos, por ser também o mais fisicamente fraco, era quem via Bellator como um verdadeiro mentor, guardando as palavras sábias do tio como se fosse um tesouro em sua mente. O jovem Deus, apesar de também se impressionar com as palavras do Titã Guerreiro, era um pouco mais teimoso e avoado, sempre olhando para o nada enquanto os Titãs lhe ensinavam tudo o que tinham a oferecer. Dentro de sua mente, a imaginação era o que tomava o controle. Enquanto treinava o combate com seu Pai, Ele costumava narrá-las, contando ao Pai quais seriam seus grandes feitos no futuro “Assim como Tu, meu Pai” ele tagarelava, enquanto cruzava armas com o poderoso Konton “Eu um dia defenderei aqueles que precisam... Encontrarei uma bela donzela, para ter com Ela muitos filhos... Verei os inimigos tremerem diante de minha presença e saírem correndo ao me verem sacar a arma... Isso sim é que será vida!” Porém, Konton o derrubara no chão, causando um estrondo “Tens uma mente brilhante rapaz” dizia o Titã do Fogo “Mas não é só com ela que vencerá as batalhas que virão... É preciso estar preparado para agir contra o que menos espera... Você tem uma missão, Meu Filho... E espero que não se esqueça disso...” Apesar da aparência ameaçadora do Pai, Deus e seus irmãos dificilmente se intimidavam com sua presença “Não esquecerei” dizia Deus “O Senhor vai se orgulhar de mim... Pode ter certeza...” A contraste dos irmãos, o caçula Lúcifer (Ou Lou como a mãe e os irmãos o chamavam) pouco se impressionava com as palavras de Bellator, apesar de ter por Ele um respeito imenso. Ele passava a maior parte do tempo com a mãe, Karuna, aprendendo com Ela os valores da perseverança, paciência e honra, por meio da meditação “Por que não acolhe as palavras de meu irmão, filho amado?” perguntava Karuna “Só não vejo um motivo para ser igual à Irmin ou a Deus” ele respondera “As palavras dos sábios ou os combates parecem não surtir efeito sobre mim... É como se meu destino fosse outro... Como se meu lugar não fosse entre Eles... Eu me sinto deslocado...” Karuna aninhou o filho, apesar de Ele não ser mais uma criança “Você é mais parecido comigo do que eu pensava” dizia Ela, olhando Lou nos olhos “Eu também me sentia insegura quando me separei de Eyan... Mas no fim, eu conheci seu Pai, que me salvou de um destino horrível... Você encontrará uma pessoa que lhe fará bem... Basta ter fé...” Lúcifer abraçou a mãe e os dois voltaram à meditação...
      Apesar de seus atributos serem completamente opostos, era Marfach e Vormund quem ensinavam as Nobres Virtudes aos Filhos de Konton, com as quais deviam reger o que quer que venha a Eles como reino: Coragem, Verdade, Honra, Lealdade, Disciplina, Hospitalidade, Eficiência, Independência e Perseverança.  Seria baseado nos ensinamentos de seus Pais e iguais que Irmin, Deus e Lou seguiriam para um futuro brilhante. Porém o futuro para os Titãs Cósmicos não parecia tão brilhante...
      Os éons foram se passando mais, e enquanto os Filhos de Karuna cresciam e ficavam mais fortes, os Titãs se tornavam mais pálidos, e sua força começou a decair. Quase que exausto, Vormund fez de tudo para se manter firme, convocando seus iguais e sobrinhos para uma reunião em meio aos Halls da Justiça “Irmãos” Ele dizia, com a voz antes trovejante e poderosa um pouco rouca “Vi em meus sonhos que o fim de nossa Era de Ouro se aproxima... Nossos poderes caem, assim como a força vital... Apesar disso, me alegra saber que nossa língua, nossos valores e ensinamentos não serão perdidos no tempo graças à descendência que possuímos...” Vormund quase caíra sobre a mesa de pedra de cansaço, mas ainda se mantia em pé “Vocês estão destinados a grandeza” disse Bellator, já perdendo parte do brilho de sua armadura branca “Se seguirem tudo o que lhes ensinamos... Um dia, poderão ter um mundo criado a sua própria imagem...” Karuna deu a mão a Konton, que já não se agüentava em pé “Nossos filhos” disse Ela, olhando para Irmin, Deus e Lou com lágrimas nos olhos “Não serão nosso único legado...” A mão da Titânide logo ficou envolta em energia esverdeada, que ela levantou para um grande globo de luz que iluminava os Halls da Justiça. Konton, mesmo quase sem forças, seguiu seu exemplo e envolveu a mão em energia caótica, a levantando para o alto. Marfach, Vormund e Bellator seguiram o exemplo e logo começaram a ficar com a pele e vestes cinzentas “Este é um presente” disse Marfach para os Três Filhos, com as forças que ainda lhe restavam “Nós o oferecemos a Vocês... Cuidem bem dele...” Dos olhos do Titã das Trevas, antes azuis como safiras, saíram duas esferas de luz, uma branca e uma negra. Em Vormund e Bellator, feixes de vapor de cores pálidas saiam de suas armaduras e subiam para o globo, que começava a aumentar e se tornar instável. Quando já estavam completamente cinzas e com os olhos negros, os Titãs caíram no chão, sem vida, completamente exaustos. Todas as suas forças estavam na massa de energia, que começava a se expandir mais e mais rápido, consumindo os Halls da Justiça e os corpos dos Titãs, como se fosse um vórtice faminto.
       Antes que a gravidade e poder da massa esverdeada e disforme puxasse os Irmãos para a morte certa, uma luz fortíssima os cegou, seguida por um estrondo ensurdecedor. Ao abrirem os olhos, os Três Irmãos se viram num grande vácuo, porém não era mais Ginungagap. O vácuo não era somente negro e não possuía chão. Nuvens de poeira azul escuras, roxas e negras o cobriam e sua temperatura era muito quente. Os Filhos de Konton e Karuna haviam acabado de presenciar o BIG BANG, a poderosa explosão primordial que deu origem ao nosso Universo. O que seria deles agora, sozinhos num território estranho?

domingo, 3 de fevereiro de 2013

AS ORIGENS SECRETAS DO UNIVERSO Capítulo 03: Os Três Filhos


      Com a derrota de Senhor do Abismo, Vormund se tornara o novo líder dos Titãs Cósmicos, como Ele e seus iguais seriam chamados depois pelos povos de Midgard, o Reino do Bem. O Hall da Justiça, como ficou conhecida a cidadela de Zestorüng após ter sido iluminada por Vormund, era a nova morada dos Titãs em meio ao abismo primordial de Ginungagap. O grande palácio dourado, cercado por um rio de lava azul, era onde Vormund presidia as reuniões entre seus iguais, os inspirando com suas palavras sábias e com histórias quase místicas, que contavam como o Futuro poderia ser. Com o passar do tempo, a chama do romance entre Konton, o Senhor do Fogo e do Caos, e Karuna, a Dama Vermelha do Amor e dos Ventos, parecia aumentar quanto mais os dois ficavam juntos. Foi Marfach o primeiro a notar algo diferente em Karuna. Suas vestes começavam a ficar claras e seus olhos se tornavam mais azulados com o passar dos ciclos. Chegou um ponto em que a delicada Karuna, que era um pouco menor que seu irmão, Bellator, se tornara quase tão alta quanto seu consorte. Suas bandagens ficaram totalmente brancas, tendo um brilho ofuscante, enquanto seus olhos ficaram tão azuis quanto os de Marfach, mas emanavam calor e carinho, e não frieza e morte como os d’Ele “O que será que há com Ela?” se perguntava Konton, vendo a companheira aumentar de tamanho “Karuna me parece bem... E quase tão bela quanto antes... Há um brilho em seus olhos que mostra inocência, mas também força de vontade... Suas ações são mais delicadas, porém ainda tem aquela essência sensual que Ela sempre possuiu...Mas o que a faria agir dessa maneira?”  Apesar de toda a sua preocupação, Karuna parecia não se preocupar com sua nova aparência. Ela parecia mais solta. Mais confiante. Mais amorosa...
      Mais tempo se passou, e Karuna já se tornara a maior criatura em Ginungagap, ficando maior que Konton e Vormund. Durante uma conversa com Bellator e Marfach, Ela começou a levitar. Seus olhos e vestes brilhavam com mais intensidade à medida que ela subia “O que está havendo?” disse Konton, desesperado “Para onde Ela vai?” Antes que Ele corresse até a companheira, Vormund o parou “Espere Irmão” disse Ele, colocando a mão no ombro do Titã Caótico “Observe...” Karuna ficou muitas milhas acima de seus iguais, e seu brilho acabou por cobri-la por completo. A grande “estrela” se manteve no mesmo lugar por mais algum tempo. A voz de Karuna podia ser ouvida ecoando em Ginungagap, entoando belas canções em Titanis, a Língua dos Titãs. Ao ouvir a ela voz de sua amada, Konton pode ficar mais calmo, ao saber que ela estava bem.
      Por nove ciclos seguidos, as canções da Titânide não cessaram, como se Ela precisasse delas. Por mais belas que fossem elas começavam a deixar todos apreensivos. Parecia que Karuna jamais sairia deste estado em que se encontrava. Em algum momento, o brilho branco e ofuscante se intensificou a ponto de quase cegar os Titãs Cósmicos. Porém, ele logo começou a se tornar opaco, enquanto a “Estrela” descia do alto do abismo. Quando ele finalmente cessou, os Titãs puderam ver Karuna se tornando lentamente vermelha novamente. Seus olhos eram mais uma vez verdes como esmeraldas. Ao se aproximarem, os Titãs viram que ela carregava três embrulhos diferentes. Karuna se aproximou de Konton e mostrou-lhe o que carregava “Eu não posso crer em meus olhos...” disse Ele, atônito e com o olhar arregalado “São crianças... Nós temos uma descendência... Por que não me contou?” Karuna demonstrou um leve sorriso abaixo de suas bandagens “Eu queria lhes fazer uma surpresa” disse ela, num tom calmo e gentil “Por que não nomeia teus filhos?” Konton pegou o primeiro dos embrulhos. Ele era todo coberto por um manto negro, sendo que tudo o que se via eram os olhos da criança, brancos e brilhantes, e suas mãos de pele moura “Pois bem” disse Konton, aninhando a criança “Tu serás Irmin, O Encapuzado... Grandes coisas virão de ti, meu filho... Eu sinto...” A segunda criança, também envolta num manto negro, foi para as mãos de Bellator. Era um garotinho de pele clara, com grandes olhos azuis e cabelos brancos ralos “E tu, meu amigo” disse o Titã Guerreiro “Teu nome será Deus, O Criador da Vida... Terás de fazer jus ao título... Não é?” As mãos de Deus se mexiam, tentando alcançar o capacete de Bellator, que ria para alegrar o recém-nascido. O mais novo estava nas mãos da mãe, também num embrulho negro. Ele tinha a pele avermelhada, olhos iguais aos de Konton e cabelos negros ralos. Porém, ele era um pouco diferente de seus irmãos. Possuía uma cauda com ponta de seta, pequenos chifres na testa e cascos no lugar dos pés. Apesar de estar nos braços de sua mãe, ele chorava muito “Não te preocupes, minha criança” disse Karuna, tentando acalmá-lo “Não precisas ter medo. Tudo é novo, eu sei, mas sempre estarei ao teu lado, meu filho...” Ela beijou a mãozinha do bebê, fazendo com ele se acalmasse “Tu serás Lúcifer” sussurrou ela “A Estrela da Manhã... Teus Irmãos cuidarão muito bem de Você... É uma promessa...” O pequeno Lúcifer esticou seus braços para abraçar a mãe, que o apoiou em seu ombro e começou a chorar de alegria.

     Uma nova geração surgira entre os Titãs Cósmicos. Os Filhos de Konton e Karuna. Os caminhos que estas crianças tomariam é que seriam decisivos para todos nós...