quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

AS ORIGENS SECRETAS DO UNIVERSO Capítulo 06: A Criação


    Ainda fundido a matéria escura que formava o Universo, Irmin soltou seus Irmãos e levantou seus dedos nodosos. Das palmas de suas mãos enormes grandes feixes de energia brilhante foram lançados no espaço, ainda muito quente. Parte dessa energia se juntara a grandes nuvens de poeira e gás já existentes, alterando sua estrutura molecular. Essas nuvens haviam de se tornar as nebulosas, os berçários dos astros com luz própria, as estrelas (nome que veio do Titanis stranm - luminoso) formadas de gás e plasma super aquecidos, assim como as esferas no interior do Lar dos Ancestrais. Irmin fizera inúmeras nebulosas, mas com o tempo tanto elas quanto as estrelas se formariam sozinhas.
      Enquanto o primogênito se preocupava com os astros brilhantes, Lúcifer e Deus juntavam gases com outros elementos, como as rochas errantes resultantes da explosão do Big Bang. Eles as moldavam em grandes corpos celestes, que Lou nomearia como planetas (Outra palavra do antigo Titanis pran’tu - criadouro), onde colocariam suas criações. Alguns planetas eram corpos rochosos grandes, cobertos de pedra e fogo, que se chocavam caoticamente uns contra os outros e levantavam brumas de fumaça venenosa. Outros eram imponentes gigantes gasosos, com grandes núcleos de gelo e metais derretidos de onde emanavam poderosos e gélidos ventos e tempestades elétricas que cobriam toda a atmosfera. Das colisões entre os planetas flamejantes, grandes pedaços de rocha voavam pelo vácuo. Passados 10 bilhões de anos, com a matéria escura já pontilhada de estrelas brilhantes, que nasciam e morriam a todo o momento, causando desde gigantescas explosões conhecidas como supernovas, para depois de expandir mais e criar massivos buracos negros, que sugavam tudo o que entrasse em sua órbita. Tudo estava espalhado pela matéria escura, como se fosse uma grande sopa cheia de ingredientes. Lúcifer e Deus, então começaram a juntar nebulosas e estrelas tanto jovens quanto velhas em grandes massas espirais, elípticas, parecidas com grandes nuvens disformes ou como se fossem grandes bumerangues. Os planetas começavam a ser atraídos pela gravidade exercida pelas estrelas, trazendo suas órbitas para junto delas, mesmo que ainda caóticas. Essas grandes massas brilhantes em meio ao vácuo foram nomeadas por Lúcifer como galáxias (Mais uma vez, veio do Titanis glaxyí – junto; próximo). Muitos dos planetas rochosos continuavam a colidir deixando soltas no vácuo grandes rochas, que acabaram por se unir em grandes cinturões ou nuvens ao redor de algumas estrelas. Irmin nomeou as grandes rochas como asteróides (Do Titanis astor - pedra). Algumas dessas rochas, menores e formadas de também de gelo, passavam perto de estrelas e adquiriam grandes caudas de vapor, que os deixavam muito belos. Deus nomeou-os como cometas (Do Titanis canmur - errante).
     Apesar das inúmeras criações espalhadas pela matéria negra, os Três Irmãos não se viam satisfeitos. Pareciam artistas excitados com qualquer tela em branco que lhes aparecesse. Irmin, adentrando uma grande galáxia espiral, fez questão de moldar uma última estrela com suas próprias mãos. Mais uma vez fundido a escuridão, o Primogênito puxava hidrogênio e hélio, junto de poeira cósmica, asteróides e outros gases. Uma pálida luz amarela começou a ser vista entre a grande espiral de matéria, mas que parecia minúscula comparada à galáxia em que se encontrava. A grande nuvem começou a se desfazer, revelando uma grande estrela amarela e laranja, rodeada por inúmeros asteróides “Irmãos” disse Ele “Esta talvez seja minha última estrela... O que haverá ao redor dela e seu nome Eu deixo sob cuidado de Vocês... Veremo-nos novamente... Eu prometo...” Os olhos brilhantes e as mãos ossudas de Irmin, logo sumiam no vácuo. Lou e Deus ficaram por muito tempo olhando para a pequena estrela amarela, como se ela fosse uma grande jóia “Sunna...” disse Lúcifer calmamente, chamando a atenção de Deus “A aconchegante... Aquela que dá calor e proteção... É um bom nome não acha?” Deus apenas assentiu e deu um leve tapinha no ombro do Irmão mais novo “Venha” disse Ele, se aproximando da estrela “Vamos trabalhar...” Lou soltara um leve sorriso, concordando com a ideia de Deus e adentrando a nuvem de asteróides.
      Assim com já fizera antes, Deus começou a unir pedaços de rocha em planetas, fazendo dezenas deles, que começavam a se chocar. Isso já dera conta de uma boa parte dos asteróides, que se uniam num cinturão em volta dos planetas rochosos. Na órbita exterior, Lúcifer soprava grandes quantidades de gás, metal e gelo, como se estivesse moldando vidro. A matéria começou a tomar forma, criando enormes gigantes gasosos, cobertos de nuvens de cores que iam do azul e branco ao laranja e vermelho, e atraiam inúmeras rochas suspensas no vácuo, formando grandes anéis ao redor deles. Fora dos planetas gasosos, Lou, motivado pela luz de Sunna, criara pequeninos planetas de gelo e rocha, chamados planetas anões, com órbitas extremamente elípticas e mergulhados num outro cinturão de asteróides  As outras rochas errantes foram sopradas por Lou e Deus para longe, formando uma grande massa ao redor dos planetas e de Sunna. Apesar de praticamente pronto, o novo sistema planetário ainda era caótico, sendo que os planetas rochosos sofriam inúmeras vezes com choques violentos entre si. Deus, então, voltou à órbita interior de Sunna, notando que apenas alguns das dezenas que havia criado sobraram para contar história. Dois deles eram bem próximos a estrela: um era pequeno, coberto de rocha alaranjada e ainda recebendo o impacto de pequenos asteróides  que enchiam sua superfície de crateras. O outro era um pouco maior, coberto de nuvens espessas de cor cinzenta, de onde Deus podia ouvir as chuvas caírem, bem como grandes vulcões entrando em erupção.  Perto do cinturão de asteróides, um dos planetas se mantia um pouco mais estável que os outros. Deus se aproximou dele, atravessando as finas nuvens que o cobriam. Ele viu uma terra vermelha, e além dela havia um oceano azul turquesa, que parecia cobrir a superfície do planeta quase que por completo. Encantado pela beleza das águas, Deus colocou sua mão na beira de uma praia, onde a maré batia em seus dedos, que emanavam uma luz pálida, que adentrava nas águas claras “A água” dizia Ele “Fonte de toda a Vida... Daqui eu vos crio, povo do planeta vermelho...” A luz dos dedos de Deus se unia a moléculas na água, criando minúsculas criaturas, praticamente invisíveis ao olho nu, mas que podiam ser vistos por seu Criador “Da água vieram” Ele continuou “E da água viverão... Crescei-vos e multiplicai-vos! Pois um dia, o império de seus descendentes será um dos mais prósperos já vistos...” As palavras do Criador ecoariam por gerações de habitantes do planeta vermelho, nomeado então como Marte (Do antigo Titanis Marccî - Guerreiro).
      Ao ver como seu Irmão podia criar vida, Lúcifer também decidiu tentar. Ele voou para além do sistema de Sunna, indo até um pequeno planetoide de atmosfera rala, mas rica em oxigênio. Ele colocou sua mão numa pequena poça, onde a luz pálida emanou de seus dedos. Porém, ao ver a água borbulhar, Lou aproximou sua cabeça da poça. Ele pode ver os minúsculos micro-organismos, semelhantes aos criados por Deus, se desfazendo na água agora escaldante “Estas mãos não podem criar...” sussurrou Ele, com uma lágrima brotando timidamente em seus olhos “Elas só destroem...” Ele então ficou ajoelhado, lamentando pela vida que matara, achando que não haveria mais esperança para aquele lugar, destinado a ser um mundo morto.
      Ainda em Sunna, Deus olhava para Marte com orgulho, enquanto os minúsculos micro-organismos começavam a se tornar mais complexos, formando criaturas visíveis ao olho nu. Porém, o Criador da Vida ouvia as palavras finais de Bellator ecoando em sua cabeça “Um dia... Criarão um mundo espelhado em vossas imagens...” Se vendo inspirado nisso, Deus foi um pouco além de Marte, mais perto da estrela regente. Começando a juntar rocha e fogo, Ele foi moldando o mundo novo: a Terra (Do Titanis Terlu – igual; espelho). Ao terminar, porém, ele não estava como o Criador esperava. Era um mundo estéril, coberto com uma atmosfera venenosa, assolada por chuva ácida e queda de meteoritos. Passado algum tempo, um grande planeta se intrometeu na órbita da Terra, começando a se incinerar num poderoso asteróide quanto mais se aproximava da superfície árida “Trema diante de Thea, o Destruidor!” urrou Lou, com o fogo embebendo seus olhos “Irmão” irrompeu Deus “Por que tu fizeste isso? O que há de errado contigo?” “SIM!” Lúcifer continuou “Há algo errado! Eu sou o Onipotente! Eu sou quem deveria ter o poder de criar a Vida, e não de destruí-la ao primeiro toque...” “O ódio está o consumindo, Irmão...” disse Deus, calmamente se aproximando de Lou “Deixe-me ajudá-lo...” “AFASTE-SE DE MIM!” irrompeu Ele novamente, disparando fogo das mãos contra Deus, se protegendo com um escudo de relâmpagos “SE EU NÃO POSSO DAR A VIDA A NADA, TU TAMBÉM NÃO PODERÁS!” Deus viu com olhos arregalados Thea atingindo a Terra e arrancando parte de sua crosta como se fosse uma casca de ferida, deixando o magma exposto no vácuo “Chores diante de tua criação, Deus” disse Lou, preparando o tridente nas mãos “Pois não haverá mais nenhuma vida nesse Universo...” Antes que Lou lhe desse o golpe final, Deus segurou o tridente, eletrocutando o Irmão como da primeira vez que lutaram, mas dessa vez com muito mais força “Se almejas tanto a Terra” disse Ele, com uma voz trovejante “Por que não se une a Ela?” Deus pegou o corpo semi-paralisado de Lúcifer e o lançou contra a Terra, fazendo-o mergulha na lava que começava a esfriar e formar a crosta nova “VOCÊ PAGARÁ POR ISSO!” urrou Ele “GUARDE MINHAS PALAVRAS!”
      Deus apenas olhava para a Terra, enquanto sua crosta voltava a crescer lentamente. A parte da superfície arrancada por Thea começou a se juntar em volta do planeta, formando uma grande esfera de rocha estéril, que de alguma forma estabilizou a órbita do planeta, cujos vulcões começavam a cobrir a atmosfera de nuvens, iniciando tempestades violentas na Terra. A grande rocha flutuante e cinzenta, que rodava ao redor da Terra foi nomeada Lua (Do Titanis luna - salvadora). Passados alguns bilhões de anos, a Terra viria a receber vida, assim como Marte, seu planeta vizinho, cujos habitantes já começavam a colonizar a superfície. Deus observara seu novo lar, aquecido e iluminado pela majestosa estrela Sunna (ou Sol, como seria chamado mais tarde). O Criador então se retirara para os céus da Terra, sua jóia da coroa, de onde observaria a evolução tomar seu curso.
      A História da Vida no Universo estava prestes a começar...

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