domingo, 3 de fevereiro de 2013

AS ORIGENS SECRETAS DO UNIVERSO Capítulo 03: Os Três Filhos


      Com a derrota de Senhor do Abismo, Vormund se tornara o novo líder dos Titãs Cósmicos, como Ele e seus iguais seriam chamados depois pelos povos de Midgard, o Reino do Bem. O Hall da Justiça, como ficou conhecida a cidadela de Zestorüng após ter sido iluminada por Vormund, era a nova morada dos Titãs em meio ao abismo primordial de Ginungagap. O grande palácio dourado, cercado por um rio de lava azul, era onde Vormund presidia as reuniões entre seus iguais, os inspirando com suas palavras sábias e com histórias quase místicas, que contavam como o Futuro poderia ser. Com o passar do tempo, a chama do romance entre Konton, o Senhor do Fogo e do Caos, e Karuna, a Dama Vermelha do Amor e dos Ventos, parecia aumentar quanto mais os dois ficavam juntos. Foi Marfach o primeiro a notar algo diferente em Karuna. Suas vestes começavam a ficar claras e seus olhos se tornavam mais azulados com o passar dos ciclos. Chegou um ponto em que a delicada Karuna, que era um pouco menor que seu irmão, Bellator, se tornara quase tão alta quanto seu consorte. Suas bandagens ficaram totalmente brancas, tendo um brilho ofuscante, enquanto seus olhos ficaram tão azuis quanto os de Marfach, mas emanavam calor e carinho, e não frieza e morte como os d’Ele “O que será que há com Ela?” se perguntava Konton, vendo a companheira aumentar de tamanho “Karuna me parece bem... E quase tão bela quanto antes... Há um brilho em seus olhos que mostra inocência, mas também força de vontade... Suas ações são mais delicadas, porém ainda tem aquela essência sensual que Ela sempre possuiu...Mas o que a faria agir dessa maneira?”  Apesar de toda a sua preocupação, Karuna parecia não se preocupar com sua nova aparência. Ela parecia mais solta. Mais confiante. Mais amorosa...
      Mais tempo se passou, e Karuna já se tornara a maior criatura em Ginungagap, ficando maior que Konton e Vormund. Durante uma conversa com Bellator e Marfach, Ela começou a levitar. Seus olhos e vestes brilhavam com mais intensidade à medida que ela subia “O que está havendo?” disse Konton, desesperado “Para onde Ela vai?” Antes que Ele corresse até a companheira, Vormund o parou “Espere Irmão” disse Ele, colocando a mão no ombro do Titã Caótico “Observe...” Karuna ficou muitas milhas acima de seus iguais, e seu brilho acabou por cobri-la por completo. A grande “estrela” se manteve no mesmo lugar por mais algum tempo. A voz de Karuna podia ser ouvida ecoando em Ginungagap, entoando belas canções em Titanis, a Língua dos Titãs. Ao ouvir a ela voz de sua amada, Konton pode ficar mais calmo, ao saber que ela estava bem.
      Por nove ciclos seguidos, as canções da Titânide não cessaram, como se Ela precisasse delas. Por mais belas que fossem elas começavam a deixar todos apreensivos. Parecia que Karuna jamais sairia deste estado em que se encontrava. Em algum momento, o brilho branco e ofuscante se intensificou a ponto de quase cegar os Titãs Cósmicos. Porém, ele logo começou a se tornar opaco, enquanto a “Estrela” descia do alto do abismo. Quando ele finalmente cessou, os Titãs puderam ver Karuna se tornando lentamente vermelha novamente. Seus olhos eram mais uma vez verdes como esmeraldas. Ao se aproximarem, os Titãs viram que ela carregava três embrulhos diferentes. Karuna se aproximou de Konton e mostrou-lhe o que carregava “Eu não posso crer em meus olhos...” disse Ele, atônito e com o olhar arregalado “São crianças... Nós temos uma descendência... Por que não me contou?” Karuna demonstrou um leve sorriso abaixo de suas bandagens “Eu queria lhes fazer uma surpresa” disse ela, num tom calmo e gentil “Por que não nomeia teus filhos?” Konton pegou o primeiro dos embrulhos. Ele era todo coberto por um manto negro, sendo que tudo o que se via eram os olhos da criança, brancos e brilhantes, e suas mãos de pele moura “Pois bem” disse Konton, aninhando a criança “Tu serás Irmin, O Encapuzado... Grandes coisas virão de ti, meu filho... Eu sinto...” A segunda criança, também envolta num manto negro, foi para as mãos de Bellator. Era um garotinho de pele clara, com grandes olhos azuis e cabelos brancos ralos “E tu, meu amigo” disse o Titã Guerreiro “Teu nome será Deus, O Criador da Vida... Terás de fazer jus ao título... Não é?” As mãos de Deus se mexiam, tentando alcançar o capacete de Bellator, que ria para alegrar o recém-nascido. O mais novo estava nas mãos da mãe, também num embrulho negro. Ele tinha a pele avermelhada, olhos iguais aos de Konton e cabelos negros ralos. Porém, ele era um pouco diferente de seus irmãos. Possuía uma cauda com ponta de seta, pequenos chifres na testa e cascos no lugar dos pés. Apesar de estar nos braços de sua mãe, ele chorava muito “Não te preocupes, minha criança” disse Karuna, tentando acalmá-lo “Não precisas ter medo. Tudo é novo, eu sei, mas sempre estarei ao teu lado, meu filho...” Ela beijou a mãozinha do bebê, fazendo com ele se acalmasse “Tu serás Lúcifer” sussurrou ela “A Estrela da Manhã... Teus Irmãos cuidarão muito bem de Você... É uma promessa...” O pequeno Lúcifer esticou seus braços para abraçar a mãe, que o apoiou em seu ombro e começou a chorar de alegria.

     Uma nova geração surgira entre os Titãs Cósmicos. Os Filhos de Konton e Karuna. Os caminhos que estas crianças tomariam é que seriam decisivos para todos nós...

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