Com a derrota de Senhor do Abismo, Vormund se
tornara o novo líder dos Titãs Cósmicos, como Ele e seus iguais seriam chamados
depois pelos povos de Midgard, o Reino do Bem. O Hall da Justiça, como ficou conhecida a cidadela de
Zestorüng após ter sido iluminada por Vormund, era a nova morada dos Titãs em
meio ao abismo primordial de Ginungagap. O grande palácio dourado, cercado por
um rio de lava azul, era onde Vormund presidia as reuniões entre seus iguais,
os inspirando com suas palavras sábias e com histórias quase místicas, que
contavam como o Futuro poderia ser. Com o passar do tempo, a chama do romance
entre Konton, o Senhor do Fogo e do Caos, e Karuna, a Dama Vermelha do Amor e
dos Ventos, parecia aumentar quanto mais os dois ficavam juntos. Foi Marfach o
primeiro a notar algo diferente em Karuna. Suas vestes começavam a ficar claras e seus
olhos se tornavam mais azulados com o passar dos ciclos. Chegou um ponto em que
a delicada Karuna, que era um pouco menor que seu irmão, Bellator, se tornara
quase tão alta quanto seu consorte. Suas bandagens ficaram totalmente brancas,
tendo um brilho ofuscante, enquanto seus olhos ficaram tão azuis quanto os de
Marfach, mas emanavam calor e carinho, e não frieza e morte como os d’Ele “O
que será que há com Ela?” se perguntava Konton, vendo a companheira aumentar de
tamanho “Karuna me parece bem... E quase tão bela quanto antes... Há um brilho
em seus olhos que mostra inocência, mas também força de vontade... Suas ações
são mais delicadas, porém ainda tem aquela essência sensual que Ela sempre
possuiu...Mas o que a faria agir dessa maneira?” Apesar de toda a sua
preocupação, Karuna parecia não se preocupar com sua nova aparência. Ela parecia
mais solta. Mais confiante. Mais amorosa...
Mais tempo se passou, e Karuna já
se tornara a maior criatura em Ginungagap, ficando maior que Konton e Vormund.
Durante uma conversa com Bellator e Marfach, Ela começou a levitar. Seus olhos
e vestes brilhavam com mais intensidade à medida que ela subia “O que está
havendo?” disse Konton, desesperado “Para onde Ela vai?” Antes que Ele corresse
até a companheira, Vormund o parou “Espere Irmão” disse Ele, colocando a mão no
ombro do Titã Caótico “Observe...” Karuna ficou muitas milhas acima de seus
iguais, e seu brilho acabou por cobri-la por completo. A grande “estrela” se
manteve no mesmo lugar por mais algum tempo. A voz de Karuna podia ser ouvida
ecoando em Ginungagap, entoando belas canções em Titanis, a Língua dos Titãs. Ao ouvir a ela voz de sua amada,
Konton pode ficar mais calmo, ao saber que ela estava bem.
Por nove ciclos seguidos, as
canções da Titânide não cessaram, como se Ela precisasse delas. Por mais belas
que fossem elas começavam a deixar todos apreensivos. Parecia que Karuna jamais
sairia deste estado em que se encontrava. Em algum momento, o brilho branco e
ofuscante se intensificou a ponto de quase cegar os Titãs Cósmicos. Porém, ele
logo começou a se tornar opaco, enquanto a “Estrela” descia do alto do abismo.
Quando ele finalmente cessou, os Titãs puderam ver Karuna se tornando
lentamente vermelha novamente. Seus olhos eram mais uma vez verdes como
esmeraldas. Ao se aproximarem, os Titãs viram que ela carregava três embrulhos
diferentes. Karuna se aproximou de Konton e mostrou-lhe o que carregava “Eu não
posso crer em meus olhos...” disse Ele, atônito e com o olhar arregalado “São
crianças... Nós temos uma descendência... Por que não me contou?” Karuna
demonstrou um leve sorriso abaixo de suas bandagens “Eu queria lhes fazer uma
surpresa” disse ela, num tom calmo e gentil “Por que não nomeia teus filhos?”
Konton pegou o primeiro dos embrulhos. Ele era todo coberto por um manto negro,
sendo que tudo o que se via eram os olhos da criança, brancos e brilhantes, e
suas mãos de pele moura “Pois bem” disse Konton, aninhando a criança “Tu serás Irmin, O Encapuzado... Grandes coisas
virão de ti, meu filho... Eu sinto...” A segunda criança, também envolta num
manto negro, foi para as mãos de Bellator. Era um garotinho de pele clara, com
grandes olhos azuis e cabelos brancos ralos “E tu, meu amigo” disse o Titã
Guerreiro “Teu nome será Deus, O Criador da Vida... Terás de
fazer jus ao título... Não é?” As mãos de Deus se mexiam, tentando alcançar o
capacete de Bellator, que ria para alegrar o recém-nascido. O mais novo estava
nas mãos da mãe, também num embrulho negro. Ele tinha a pele avermelhada, olhos
iguais aos de Konton e cabelos negros ralos. Porém, ele era um pouco diferente
de seus irmãos. Possuía uma cauda com ponta de seta, pequenos chifres na testa
e cascos no lugar dos pés. Apesar de estar nos braços de sua mãe, ele chorava
muito “Não te preocupes, minha criança” disse Karuna, tentando acalmá-lo “Não
precisas ter medo. Tudo é novo, eu sei, mas sempre estarei ao teu lado, meu
filho...” Ela beijou a mãozinha do bebê, fazendo com ele se acalmasse “Tu serás Lúcifer” sussurrou ela
“A Estrela da Manhã... Teus Irmãos cuidarão muito bem de Você... É uma
promessa...” O pequeno Lúcifer esticou seus braços para abraçar a mãe, que o
apoiou em seu ombro e começou a chorar de alegria.
Uma nova geração surgira entre os Titãs
Cósmicos. Os Filhos de Konton e Karuna. Os caminhos que estas crianças tomariam
é que seriam decisivos para todos nós...
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